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As mudanças climáticas começaram a derreter o EAIS, maior manto de gelo da Antártida

Existe uma camada de gelo da Antártica Oriental (EAIS – sigla em inglês) que possui a grande maioria do gelo de geleiras da Terra. Com as mudanças climáticas, se toda essa camada adormecida derretesse, o nível do mar subiria 52 metros ao longo de milênios futuros. Até então, acreditava-se que essa camada era estável, mas…

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Existe uma camada de gelo da Antártica Oriental (EAIS – sigla em inglês) que possui a grande maioria do gelo de geleiras da Terra. Com as mudanças climáticas, se toda essa camada adormecida derretesse, o nível do mar subiria 52 metros ao longo de milênios futuros. Até então, acreditava-se que essa camada era estável, mas agora está mostrando sinais de vulnerabilidade, e certas condições climáticas em um futuro próximo podem causar um derretimento que aumentaria o nível do mar em até 5 metros em 2500, disseram os cientistas.

Essas afirmações são baseadas em estudo recente publicado na revista Nature no dia 10 de agosto de 2022. O EAIS é muito maior do que o manto de gelo da Antártica Ocidental (WAIS), que abriga a chamada geleira Thwaites (apelidada de ”Dia do Juízo Final”) , que perdeu estabilidade significativa. A perda total do WAIS causaria 5 metros de aumento do nível do mar.

EAIS ANTARTIDA
Diferença do tamanho do EAIS e do WAIS.

A altura da água está subindo mais rápido hoje do que por pelo menos 3.000 anos, à medida que as geleiras das montanhas e a calota de gelo da Groenlândia derretem, e as águas oceânicas se expandem à medida que aquecem. Mesmo alguns metros de aumento do nível do mar redesenharão o mapa do mundo, com profundas consequências para milhões de pessoas.

Segundo o Professor Chris Stokes, da Universidade de Durham, no Reino Unido que liderou o estudo, “esta camada de gelo é de longe a maior do planeta e é de extrema importância que não despertemos esse gigante adormecido. Costumávamos pensar que os mantos de gelo na Antártica Oriental eram muito menos vulneráveis às mudanças climáticas, em comparação com a Antártica Ocidental ou a Groenlândia, mas agora sabemos que algumas áreas já mostram sinais de perda de gelo.”

Essas plataformas de gelo da Antártida ajudam a controlar o fluxo de gelo glacial à medida que ele drena para o oceano, o que significa que a taxa de aumento global do nível do mar está sujeita à integridade estrutural dessas camadas flutuantes de gelo. O estudo demonstrou que de 1997 a 2021, a Antártica experimentou uma perda líquida de 37.000 quilômetros quadrados (1,6%) (maior do que a Bélgica) de área de prateleira de gelo que não pode ser totalmente recuperada.

Levando em conta as geleiras de montanha e todas as calotas de gelo, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas projeta entre 0,28 metros e 1 metro de aumento do nível do mar até 2100, dependendo das emissões. No estudo da Nature, os pesquisadores calcularam que até 2300, o desmantelamento do EAIS resultaria em um acréscimo de volume entre 1,5m a 3m nos oceanos. A situação em 2500 ainda mais chocante: 5m a mais. Diante disso, ilhas e países inteiros poderiam desaparecer, além da extinção de diversas espécies.

Cuidado com as principais reservas de carbono

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Foto: Tam Minton

Os estudos dos gases presos em camadas profundas de gelo nos permitem observar como era a atmosfera no passado. Hoje, os níveis de CO2 são mais altos do que eram há quase 1 milhão de anos, mesmo antes da existência humana. A velocidade com que a temperatura média da Terra está subindo é alarmante, é dez vezes maior do que o aumento da temperatura no final da era glacial.

Para reduzir esse derretimento sem precedentes, devemos cuidar dos sumidouros de carbono presentes no planeta. Os sumidouros de carbono são sistemas naturais que sugam e armazenam dióxido de carbono da atmosfera. Os principais sumidouros naturais de carbono são as plantas, o oceano e o solo. As plantas capturam dióxido de carbono da atmosfera para uso na fotossíntese. Parte desse carbono é transferido para o solo à medida que as plantas morrem e se decompõem. Os oceanos também são um importante sistema de armazenamento de carbono. Ao morrer em alto mar, os animais levam para o fundo os nutrientes presos em seus corpos, levando muito alimento para áreas praticamente sem vida.

Tanto as geleiras quanto os sumidouros de carbono possuem potencial para agravar ainda mais a crise climática já que são fonte de CO2 e do aumento do nível dos oceanos. Porém, o derretimento de geleiras e do permafrost (saiba mais sobre isso clicando aqui) são causados justamente por esse mesmo aquecimento, sendo então um ciclo vicioso que precisa ser quebrado.

Nossas escolhas de emissões levarão à futuros muito diferentes. A sociedade precisa entender que um dos maiores impactos potenciais do aquecimento global, a perda generalizada de gelo da Antártica Oriental, é possível se o aquecimento climático exceder cerca de 2°C. Da maneira que as coisas estão caminhando, é muito provável que o futuro próximo não seja nada otimista.


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