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Relatório do IPCC: as principais conclusões que você precisa saber sobre as mudanças climáticas em 2023

O relatório AR6 SYR do IPCC confirma que a mudança climática é real e causada pela atividade humana. O aumento da temperatura média global pode atingir 4,4 graus Celsius até o final do século 21, gerando ondas de calor, tempestades, inundações, secas, perda de biodiversidade e aumento do nível do mar. O relatório destaca a…

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Relatorio IPCC Mudancasclimaticas 1

O relatório AR6 SYR, divulgado pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), apresenta informações fundamentais sobre os impactos da mudança climática. Este é um dos mais abrangentes relatórios já produzidos pelo IPCC, destacando a urgente necessidade de ações que reduzam as emissões de gases de efeito estufa e evitem os piores impactos das mudanças climáticas. Neste artigo, você encontrará um resumo completo das principais conclusões do relatório AR6 SYR.

O que é o IPCC e por que seus relatórios são importantes?

O IPCC é um órgão científico intergovernamental, criado em 1988 pela Organização das Nações Unidas (ONU). O objetivo do IPCC é fornecer informações objetivas, científicas e técnicas relevantes para entender as mudanças climáticas, seus impactos e possíveis estratégias de mitigação e adaptação.

Os relatórios do IPCC são uma referência importante para governos, organizações e empresas em todo o mundo, pois fornecem informações confiáveis e baseadas em evidências sobre o estado da ciência climática e os possíveis impactos futuros da mudança climática.

Principais pontos do relatório AR6 SYR

  1. A mudança climática está acontecendo e é causada pela atividade humana.

O relatório do IPCC confirma que a mudança climática é real e está acontecendo em todo o mundo. A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é maior do que em qualquer outro momento nos últimos 2 milhões de anos e a atividade humana é a principal causa da mudança climática observada desde meados do século 20.

  1. A mudança climática já está causando impactos em todo o mundo.

O relatório do IPCC destaca que a mudança climática já está causando impactos significativos em todo o mundo, incluindo ondas de calor mais frequentes e intensas, tempestades mais fortes, inundações e secas mais severas, perda de biodiversidade e aumento do nível do mar. Estes impactos são observados em todos os continentes e em todos os oceanos.
Leia nosso texto sobre o tema: O Impacto Por Trás das Manchetes: Como as mudanças climáticas já estão afetando a vida no planeta.

IPCC AR6 SYR SPM Figure1
Figura 1

Entenda a Figura 1 acima:

(a) As mudanças climáticas já causaram amplos impactos e perdas relacionadas nos sistemas humanos e alteraram ecossistemas terrestres, de água doce e oceânicos em todo o mundo. A disponibilidade física de água inclui o equilíbrio de água disponível de várias fontes, incluindo água subterrânea, qualidade da água e demanda por água. As avaliações globais de saúde mental e deslocamento refletem apenas as regiões avaliadas. Os níveis de confiança refletem a avaliação da atribuição do impacto observado às mudanças climáticas.

(b) Os impactos observados estão relacionados às mudanças climáticas físicas, incluindo muitas que foram atribuídas à influência humana, como os impulsionadores de impacto climático mostrados. Os níveis de confiança e probabilidade refletem a avaliação da atribuição do impulsionador de impacto climático observado à influência humana.

(c) As mudanças observadas (1900-2020) e projetadas (2021-2100) na temperatura global da superfície (relativas a 1850-1900), que estão ligadas a mudanças nas condições e impactos climáticos, ilustram como o clima já mudou e mudará durante a vida de três gerações representativas (nascidas em 1950, 1980 e 2020). As projeções futuras (2021-2100) de mudanças na temperatura global da superfície são mostradas para cenários de emissões de gases de efeito estufa muito baixas (SSP1-1,9), baixas (SSP1-2,6), intermediárias (SSP2-4,5), altas (SSP3-7,0) e muito altas (SSP5-8,5).

Mudanças na temperatura global da superfície anual são apresentadas como “faixas climáticas”, com projeções futuras, mostrando as tendências de longo prazo causadas pelo homem e a modulação contínua pela variabilidade natural (representada aqui usando níveis observados de variabilidade natural passada). As cores nos ícones geracionais correspondem às faixas de temperatura da superfície global para cada ano, com segmentos nos ícones futuros diferenciando possíveis experiências futuras.

  1. Os impactos da mudança climática serão ainda mais graves se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a aumentar.

O relatório do IPCC projeta que, se as emissões de gases de efeito estufa continuarem a aumentar, os impactos da mudança climática serão ainda mais graves no futuro. A temperatura média global pode aumentar até 4,4 graus Celsius até o final do século 21, o que terá consequências dramáticas para a vida na Terra.

IPCC AR6 SYR SPM Figure2
Figura 2

Entenda a Figura 2 acima:

A figura mostra como a temperatura máxima diária, a umidade do solo e a precipitação máxima de um dia podem mudar no futuro se a temperatura global aumentar em 1,5°C, 2°C, 3°C e 4°C em relação ao período de 1850-1900. As mudanças mostradas são baseadas em uma média de modelos de clima.

(a) Mudança anual na temperatura diária máxima (°C)

(b) Umidade do solo média anual da coluna total (desvio padrão)

(c) Mudança anual na precipitação máxima de um dia (%).

  1. A janela de tempo para limitar o aquecimento global está se fechando rapidamente.

O relatório do IPCC destaca a urgência da ação climática, observando que a janela de tempo para limitar o aquecimento global está se fechando rapidamente. Para evitar os piores impactos da mudança climática, as emissões de gases de efeito estufa precisam ser reduzidas drasticamente nas próximas décadas.

  1. As soluções existem, mas a ação precisa ser rápida e abrangente.

O relatório do IPCC destaca que existem soluções disponíveis para limitar as emissões de gases de efeito estufa e evitar os piores impactos da mudança climática. Estas soluções incluem a transição para fontes de energia renovável, o aumento da eficiência energética, a redução do desperdício de alimentos e a mudança para dietas mais saudáveis e sustentáveis. No entanto, para ser eficaz, a ação precisa ser rápida e abrangente, e envolver todos os setores da economia e todas as regiões do mundo.

IPCC AR6 SYR SPM Figure5
Figura 3

Entenda a Figura 3 acima:

A figura mostra como as emissões de gases que causam o efeito estufa mudaram ao longo do tempo em diferentes modelos, bem como quando essas emissões atingem zero. As faixas coloridas mostram a variação entre as trajetórias modeladas e as cores diferentes representam diferentes cenários. Por exemplo, o vermelho representa políticas implementadas até o final de 2020 e o azul claro representa trajetórias que limitam o aquecimento a 1,5°C.

A figura também apresenta as contribuições de diferentes setores para as emissões de dióxido de carbono (CO2) e outros gases. Ela mostra diferentes trajetórias de mitigação que se baseiam em diferentes soluções, como energias renováveis e captura e armazenamento de carbono. As emissões positivas e negativas dessas trajetórias são comparadas com as emissões de 2019.

A figura também destaca que a mudança no uso da terra e silvicultura tem um papel importante nas emissões de CO2, embora muitos modelos não as reportem separadamente.

  1. As decisões políticas têm um papel fundamental na resposta à mudança climática.

O relatório do IPCC destaca que as decisões políticas têm um papel fundamental na resposta à mudança climática. Os governos e as organizações precisam implementar políticas ambiciosas e eficazes para limitar as emissões de gases de efeito estufa, como a fixação de preços para o carbono, a eliminação dos subsídios aos combustíveis fósseis e a implementação de padrões mais rigorosos de eficiência energética. Além disso, as políticas de adaptação são igualmente importantes para ajudar as comunidades a se prepararem para os impactos inevitáveis da mudança climática.

IPCC AR6 SYR SPM Figure6
Figura 4

Entenda a Figura 4 acima:

Os caminhos de desenvolvimento ilustrativos (vermelho a verde) e resultados associados (painel direito) mostram que há uma janela de oportunidade que está rapidamente se estreitando para garantir um futuro viável e sustentável para todos. O desenvolvimento resiliente ao clima é o processo de implementar medidas de mitigação de gases de efeito estufa e de adaptação para apoiar o desenvolvimento sustentável. Caminhos divergentes ilustram que escolhas e ações interativas feitas por diversos atores governamentais, do setor privado e da sociedade civil podem avançar o desenvolvimento resiliente ao clima, deslocar caminhos em direção à sustentabilidade e permitir emissões mais baixas e adaptação. Diversos conhecimentos e valores incluem valores culturais, conhecimentos indígenas, conhecimentos locais e conhecimento científico. Eventos climáticos e não climáticos, como secas, enchentes ou pandemias, apresentam choques mais severos aos caminhos com menor desenvolvimento resiliente ao clima (vermelho a amarelo) do que aos caminhos com maior desenvolvimento resiliente ao clima (verde). Existem limites para a adaptação e capacidade adaptativa para alguns sistemas humanos e naturais no aquecimento global de 1,5°C, e com cada incremento de aquecimento, perdas e danos aumentarão. Os caminhos de desenvolvimento tomados pelos países em todas as etapas de desenvolvimento econômico afetam as emissões de GEE e desafios e oportunidades de mitigação, que variam entre países e regiões. Caminhos e oportunidades de ação são moldados por ações anteriores (ou inações e oportunidades perdidas; caminho tracejado) e condições facilitadoras e restritivas (painel esquerdo) e ocorrem no contexto de riscos climáticos, limites de adaptação e lacunas de desenvolvimento. Quanto mais as reduções de emissões forem adiadas, menos opções de adaptação efetivas existirão.

  1. A mudança climática é uma questão de justiça social e ambiental.

O relatório do IPCC destaca que a mudança climática é uma questão de justiça social e ambiental. Os impactos da mudança climática são sentidos de maneira desproporcional por aqueles que são mais vulneráveis, como as comunidades de baixa renda, as populações indígenas e os países em desenvolvimento. A resposta à mudança climática deve levar em consideração a justiça e a equidade, e garantir que as soluções sejam implementadas de forma justa e equitativa para todos.

  1. A ação climática pode trazer benefícios para a saúde, a economia e a segurança.

O relatório também destaca que a ação climática pode trazer benefícios significativos para a saúde, a economia e a segurança. A redução das emissões de gases de efeito estufa pode levar a uma melhoria da qualidade do ar, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis, criar novas oportunidades de emprego e melhorar a segurança alimentar. Além disso, a ação climática pode ajudar a evitar conflitos relacionados à escassez de recursos, como a água e a terra.

Conclusão

O relatório AR6 SYR do IPCC apresenta um panorama detalhado sobre o estado atual da mudança climática, suas causas e impactos. O documento destaca a urgência da ação climática para evitar os piores cenários de aquecimento global e seus impactos devastadores sobre o meio ambiente, a economia e as comunidades.

As evidências científicas são claras e contundentes: a mudança climática é real, está em curso e é impulsionada pela atividade humana. A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera é a maior em pelo menos dois milhões de anos, e a taxa de aquecimento global é excepcionalmente alta. As consequências já são sentidas em todo o mundo, incluindo o aumento do nível do mar, a acidificação dos oceanos, o derretimento das geleiras, a intensificação de eventos climáticos extremos e a perda de biodiversidade.

No entanto, o relatório do IPCC também destaca que existem soluções disponíveis para limitar as emissões de gases de efeito estufa e evitar os piores impactos da mudança climática. Essas soluções incluem a transição para fontes de energia renovável, a melhoria da eficiência energética, a redução do desperdício de alimentos e a mudança para dietas mais saudáveis e sustentáveis.

Os impactos da mudança climática são sentidos de maneira desproporcional por aqueles que são mais vulneráveis e o relatório do IPCC é um chamado urgente para a ação climática global. É hora de agir de forma decisiva e gerar pressão para que uma mudança real aconteça.

Referências:

IPCC (2023). Climate Change 2023: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press. Disponível em: https://report.ipcc.ch/ar6wg1/pdf/IPCC_AR6_WG1_SPM.pdf


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Comentários

Uma resposta para “Relatório do IPCC: as principais conclusões que você precisa saber sobre as mudanças climáticas em 2023”

  1. Avatar de Augusto joaquim januario
    Augusto joaquim januario

    A Informação é muito importante, ajuda-nos a compreender a situação e o rumo que o planeta Terra toma, as medidas de prevenção que se deve a todar para à tapação na nova realidade e os melhores caminhos a se seguir.

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