Crise econômica petroleira e Meio Ambiente

Coronavírus, crise do petróleo, queda na bolsa de valores. No último mês um acumulado de notícias e crises se fez presente nos noticiários no mundo todo. Mas por que uma pandemia afetou o mercado petroleiro? E por que isso pode prejudicar o meio ambiente? Para entender isso, é necessário entender o que levou a um…

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Coronavírus, crise do petróleo, queda na bolsa de valores. No último mês um acumulado de notícias e crises se fez presente nos noticiários no mundo todo. Mas por que uma pandemia afetou o mercado petroleiro? E por que isso pode prejudicar o meio ambiente? Para entender isso, é necessário entender o que levou a um colapso no cartel petrolífero.

Já fizemos um texto sobre a COVID-19 (para saber mais detalhes sobre esse coronavírus clique aqui.) Nesse texto, vamos nos ater a explicar as consequências econômicas e ambientais dessa epidemia.

O número de infectados pelo coronavírus na China vem caindo, porém no resto do mundo o número de casos confirmados da doença está próximo de 128 mil. Até a data do monitoramento feito pela Universidade de Johns Hopkins as pesquisas mostravam 127.749 casos confirmados de COVID-19. A Itália é o segundo país mais afetado pela epidemia, com 12.462 casos, e o Irã vem em terceiro, com 10.075.

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Com a forte incidência da doença no país, a China reduziu significantemente sua produção e, consequentemente, sua demanda por petróleo (até 20% no primeiro trimestre). Quanto menor a demanda por um produto, menor preço ele terá. Então, logo as bolsas de valores começaram a dar sinais de inquietação e o preço do petróleo iniciou sua queda. A reversão de uma iminente crise só seria possível com a redução da oferta de barris. Porém, fatores políticos começaram a tomar conta do cenário que já parecia caótico.

A Arábia Saudita, a Rússia e outros países produtores de petróleo iriam se encontrar em Viena, na semana passada, para debaterem quem deveria reduzir a produção de petróleo para compensar o colapso da demanda devido ao surto de coronavírus. O drama entre a Arábia Saudita e a Rússia, os dois maiores produtores de petróleo do mundo depois dos Estados Unidos, começou com uma reunião histórica da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP).

Argentina G20 Leaders' Summit 2018 - Day 1 Of Sessions

O presidente russo, Vladimir Putin, olha para o príncipe herdeiro da Arábia Saudita Mohammad bin Salman al-Saud na cúpula do G20 em Buenos Aires em 30 de novembro de 2018.  Foto: DANIEL JAYO

Na véspera da reunião de sexta-feira, no entanto, a Arábia Saudita surpreendeu seus parceiros da OPEP ao pressionar publicamente por cortes mais severos do que esperado na produção de combustíveis fósseis. Moscou achava que a Arábia Saudita estava tentando convencê-lo a fazer cortes maiores de produção, colocando a Rússia em posição desvantajosa. A Rússia considerou o movimento Arábia Saudita como blefe. Após horas de negociações infrutíferas, os ministros deixaram Viena sem acordo. Os preços do petróleo subiram.

Como represaria, a Arábia Saudita reduziu os preços do petróleo e prometeu ampliar a produção, aumentando a oferta. Quando os mercados de petróleo abriram na noite de domingo, os preços caíram para a metade do que haviam sido no início de janeiro. Embora as crises passadas ​​do petróleo tenham sido causadas ​​pela oferta ou pela demanda, o colapso dos preços de 2020 é altamente incomum na história do mercado de petróleo: resulta de um choque massivo na demanda e de um enorme excesso de oferta ao mesmo tempo.

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Custo do Barril de Petróleo

Fatores de influência para o meio ambiente:

O primeiro fator curioso é que, com a paralisação temporária das fábricas na China, o secretário-geral da Organização Meteorológica Mundial, Petteri Taalas, durante uma apresentação na sede da ONU, mostrou imagens de satélite da qualidade do ar do país em 30 de janeiro de 2020, em comparação com o mesmo dia do ano anterior. As imagens mostram uma melhora significativa na qualidade do ar.

No entanto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que não se deve superestimar essa redução das emissões momentânea, tendo em vista que o novo coronavírus deve ser temporário, enquanto as alterações climáticas vão se manter por décadas, requerendo uma ação constante.

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NASA via Reuters

O segundo fator pode ser duradouro e é nada otimista. O caos do petróleo provocou pânico instantâneo nos mercados financeiros, e a decisão da Arábia Saudita de iniciar uma guerra de preços ainda pode ter consequências profundas para a adoção mundial de energia mais limpa.

Analistas alertaram que o choque no preço do petróleo poderia prejudicar a demanda por veículos elétricos e diminuir o apelo das medidas de eficiência energética, porque a turbulência, aliada à desaceleração da economia global, teve um efeito assustador nos planos renováveis mais ambiciosos. O petróleo barato provavelmente tornará os veículos elétricos menos atraentes para os consumidores, pelo menos no curto prazo. O mercado global de veículos elétricos já havia sofrido uma desaceleração no ano passado devido à demanda mais fraca na China e nas Américas. Além disso, as pequenas empresas que estão iniciando no mercado de eficiência energética podem vir a desaparecer.

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Já a geração de energia não é diretamente afetada pelas mudanças no preço do petróleo, porque esse combustível fóssil raramente é usado para geração de energia. No entanto, as políticas governamentais que moldarão o futuro das energias renováveis ​​podem mudar devido ao choque atual. Embora o custo da energia eólica e solar tenha caído na última década, o nível de subsídio do governo para essas usinas também tem declinado em muitos países. Mesmo antes do choque econômico do coronavírus, o investimento em energia limpa atingiu o pico em 2017, caindo ligeiramente em 2018 e no primeiro semestre de 2019.

Considerando que a crise é recente e com diversas variáveis e possibilidades, é muito difícil prever ainda quais serão as consequências a longo prazo. Só nos resta aguardar e entender que a base energética do nosso planeta deve ser modificada para que as variações provocadas por crises não dependam apenas de políticos e príncipes, mas sim da própria natureza.

 

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Referências:

 

Financial Times

The Guardian

BBC

Johns Hopkins University


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