Por Ana Luíza Tunes & Pedro Henrique Tunes
Nos dias atuais, notamos uma grande quantidade de céticos que não acreditam que o aquecimento global esteja se intensificando devido às ações antrópicas. Muitas pessoas nos Estados Unidos – uma porcentagem bem maior que em outros países – mantêm incredulidade sobre esse consenso ou acreditam que os ativistas do clima estão usando a ameaça do aquecimento global para atacar o livre comércio e a sociedade industrial em geral.
Para alguns descrentes da mudança climática, o fato de que alguns cientistas na década de 1970 estavam preocupados com a possibilidade de uma era do gelo próxima é suficiente para invalidar a preocupação com o aquecimento global agora. O Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática, que consiste em centenas de cientistas operando sob os auspícios das Nações Unidas, divulgou seu quinto relatório nos últimos 25 anos. Este repetiu, mais alto e mais claro do que nunca, o consenso dos cientistas do mundo: a temperatura da superfície do planeta subiu cerca de 1,5 graus Celsius nos últimos 130 anos e as ações humanas, incluindo a queima de combustíveis fósseis, são muito provavelmente a principal causa do aquecimento desde meados do século XX.
Alguns ativistas ambientais querem que os cientistas, além de desempenhar seus papéis nas universidades, se envolvam mais nas batalhas políticas. Qualquer cientista que vá por esse caminho precisa fazer isso com cuidado, diz Liz Neeley. Segundo ela, “essa linha entre comunicação científica e advocacia é muito difícil de se afastar”. No debate sobre a mudança climática, a alegação central dos céticos é a de que a ciência é politicamente tingida, impulsionada pelo ativismo ambiental e não por dados concretos, ao dizer que o aquecimento é uma ameaça séria e real. Isso não é verdade e calunia os cientistas honestos, mas torna-se mais plausível a olhos desconfiados se os cientistas forem além de sua perícia profissional e começarem a defender políticas específicas.
No debate sobre o clima, as consequências da dúvida provavelmente são globais e duradouras. Muitos céticos da mudança climática alcançam seu objetivo fundamental de deter a ação legislativa de combate ao aquecimento global. Eles não precisam ganhar o debate por meio de méritos, apenas influenciar a sala o suficiente para impedir que as leis que regem as emissões de gases do efeito estufa sejam aprovadas.
Há algo, que está em jogo a nível subconsciente, que nos permite desconsiderar as grandes evidências que estão à nossa frente, tais quais as de que o aquecimento global é real. Mesmo havendo consenso de que a mudança climática está ocorrendo e de que os humanos a estão exacerbando, ainda há pessoas, incluindo políticos, que se recusam a reconhecer as evidências.
Nós temos que mudar a maneira como falamos de alterações climáticas. A psicologia diz que os sentimentos gerados ao falarmos sobre o assunto são culpa e medo, ao invés de comprometimento. O que se observa é exatamente o oposto do engajamento; quando sentimos algo ruim, é normal que nos afastemos do problema para nos aproximarmos de algo que nos faça sentir melhor. Muitos pensam que outras pessoas devem lidar com isso, e não eles mesmos. Grande parte das pessoas enxerga o aquecimento global como uma mudança distante que acontecerá daqui há muito tempo. Além disso, os gases de efeito estufa, causa fundamental do problema, são invisíveis aos nossos olhos.
“Uma grande parte duvida não pela experiência, e sim pela motivação”, disse Paul Thagard, professor emérito do Departamento de Filosofia da Universidade de Waterloo, especializado em ciência cognitiva. “Os psicólogos falam muito sobre ‘inferência motivada’ que se dá quando as pessoas têm motivações fortes, são muito seletivas no tipo de evidência em que acreditam”. Por exemplo, aquelas pessoas cuja subsistência depende da indústria petrolífera podem temer que a mudança climática ameace seus empregos. Outros podem recear que o governo tire dinheiro de seus bolsos na forma de gastos públicos em esforços de mitigação de carbono.
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Referências
“The psychology of climate change: Why people deny the evidence” ;
“Why Do Many Reasonable People Doubt Science”;
Site Skeptical Science
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