Os cientistas desenterraram e juntaram provas em mais de mil locais antigos de zonas úmidas de todo o mundo, que estão atualmente cobertos por campos, florestas e lagos. Penhascos, pedreiras, construções de estradas e amostragem científica revelaram depósitos de terras úmidas, ricas em carbono, enterrados sob outros tipos de solos e sedimentos.
Muitas zonas úmidas são caracterizadas por depósitos espessos de material vegetal (ou turfa) não decomposto, que é frequentemente preservado, indicando a presença de zonas úmidas em anos anteriores. Os pântanos enterrados frequentemente incluíam pântanos costeiros que haviam sido inundados pelo aumento do nível do mar e áreas alagadas que haviam sido enterradas por geleiras, inundações ou sedimentos depositados pelo vento.
Dados globais
Os pesquisadores compilaram as informações sobre esses depósitos de terras úmidas enterradas, inclusive onde foram encontrados, quando se formaram e por que foram enterrados. O estudo foi conduzido pelo Dr. Treat, na Universidade da Finlândia Oriental, e pelo Dr. Thomas Kleinen, no Instituto Max Planck de Meteorologia na Alemanha. A Dra. Claire Treat, da Universidade do Leste da Finlândia, salientou: “Ficamos muito surpresos quando começamos a combinar os nossos dados de diferentes locais ao redor do mundo. Pensamos que seriam apenas alguns dados e acabaram sendo apenas a ponta do iceberg.
“Quando começamos a procurar mais exemplos de estudos anteriores, identificamos mais de 1.000 locais de áreas úmidas (wetlands) enterradas em todo o mundo”. Dra. Claire Treat
Os locais de zonas úmidas enterradas foram encontrados, desde as altas ilhas do Árctico, do Canadá e da Sibéria, até a África tropical e Indonésia, ao sul do nosso continente e Nova Zelândia. Alguns se formaram a menos de 1.000 anos atrás, enquanto outros se formaram durante o período de clima quente entre as duas últimas glaciações, há mais de 100.000 anos.
Novas descobertas
Usando esses registros de presença de zonas úmidas desde o início do último interglacial, há 130 mil anos, os pesquisadores descobriram que as zonas úmidas nas latitudes norte respondiam às mudanças no clima. Muitas zonas úmidas foram formadas quando o clima era mais quente e muitas delas foram enterradas durante períodos de avanço glacial e resfriamento do clima. Quando estava frio, poucas novas terras úmidas se formaram até o clima se aquecer novamente. Alguns destes sedimentos de turfa enterrados permanecem até hoje.
Essas novas descobertas de picos generalizados enterrados sugerem que, em geral, o enterro de turfa pode resultar na lenta transferência de carbono da atmosfera para a terra, compensando uma pequena parte do aquecimento climático no passado.
O Dr. Treat afirmou: “O fato das turfas estarem enterradas e permanecerem em terra é basicamente como um vazamento inverso no que normalmente consideraríamos um sistema fechado de como o carbono se move ao redor da Terra, da atmosfera para a terra e os oceanos.
“Essa nova descoberta não está representada em nossos modelos do ciclo de carbono global e pode ajudar a explicar alguns comportamentos que diferem entre modelos e observações”.
Os resultados também sugerem que as áreas úmidas atuais podem continuar a compensar as concentrações crescentes de CO2 atmosférico, à medida que o clima se aquece, caso permaneçam inalteradas pela drenagem e pelos incêndios florestais.
De acordo com o estudo, as áreas úmidas de solos congelados do hemisfério norte e das regiões tropicais armazenam mais de 600 pentagramas de carbono. Isso corresponde a mais de dois terços do total de carbono presente na atmosfera, e quase a mesma quantidade presente na biomassa florestal global.
As wetlands ou zonas úmidas são muito vulneráveis às alterações no uso e ocupação do solo causados por ações antrópicas. Essas mudanças interferem no sequestro de carbono na atmosfera e suas características estarão associadas, em geral, à condições locais.
A importância das wetlands enterradas não está associada somente ao ecossistema e à preservação de espécies. Ela também é um meio de reduzir a quantidade de gases de efeito estufa, minimizando o impacto do homem na atmosfera.
Referência:
Baseado em um comunicado de imprensa da Universidade da Finlândia Oriental.
Artigo : Wetlands In a Changing Climate: Science, Policy and Management
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