BEBEU ÁGUA? TÁ COM SEDE? Afinal, qual é a água boa de beber?

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Estima-se que aproximadamente 1,5 bilhões de pessoas ainda não têm acesso ao abastecimento de água limpa e isso tem forte ligação com a saúde mundial e seu desenvolvimento. Mais de um terço das mortes nos países em desenvolvimento é gerada pelo consumo de água contaminada e a transmissão de doenças infecciosas e parasitárias também é causada por essa água.

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Para conter esses problemas, as cidades possuem sistemas de tratamento de água utilizando processos tais como coagulação, decantação, filtração e desinfecção. O cloro é um dos desinfectantes mais comumente utilizado, principalmente no Brasil, devido à sua eficácia no combate a bactérias e vírus e a seu baixo custo. A dosagem de cloro ao sair da Estação de Tratamento de Água (ETA) deve ser suficiente para que haja cloro residual até o fim da rede de distribuição, garantindo sua potabilidade. 

Segundo a legislação vigente, a água disponível e que chega em nossas casas deve seguir o padrão de potabilidade exigido pelo Ministério da Saúde.

Porém, por que ainda utilizamos o filtro antes de beber tal água? Poderíamos beber a água diretamente da torneira?

Apesar da água que sai das unidades de tratamento ser condizente com o padrão estabelecido, ela pode sofrer alterações no caminho até sua casa e não chegar potável ao ponto de consumo. Esses problemas podem ser causados, principalmente, por envelhecimento e rachaduras em tubulações, grandes distâncias com decaimento do cloro livre residual, excesso de cloro em determinados locais, falta de limpeza em caixas d’água, reparos na rede hidráulica, variações na qualidade da água do manancial ou dos poços. Em alguns países, a fiscalização acerca dos parâmetros relativos ao caminho entre a estação de tratamento e o final da rede é mais rígida, o que torna possível o consumo da água diretamente da torneira.

Portanto, tanto o excesso de cloro como a falta dele podem nos trazer problemas. O cloro pode formar subprodutos potencialmente prejudiciais à saúde a longo prazo. Para se retirar o cloro livre da água que chega, geralmente se utiliza o carvão ativado. Em contato com a superfície sólida do carvão, o hipoclorito é reduzido para cloreto, resultando em uma água purificada e sem sabor.

Se você usa água municipal, você pode encontrar os seguintes contaminantes chegando à sua torneira:

  • Cloro
  • Cloraminas
  • Fluoreto
  • THMs (Trihalometanos)
  • COVs (compostos orgânicos voláteis

No caso da sua água vir de poços artesianos, estes são os contaminantes mais comuns que você encontrará:

  • Partículas (sujeira, pedaços de folhas, etc.)
  • Bactérias e vírus
  • COVs (compostos orgânicos voláteis)
  • Substancias radioativas

“Épocas de seca ou de início das chuvas podem alterar a qualidade da água e deixar um gosto residual, mesmo sendo tratada. O sabor é controlado, mas há pessoas que são mais sensíveis do que outras.” Edson Abdul Nour

Para remover tais contaminantes antes do consumo da água, são utilizados filtros de todos os tipos para garantir que a potabilidade seja mantida.

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Segundo estudos relacionados ao tema, publicados no livro The Drinking Water Book,  o sistema de filtro de barro do Brasil é um dos mais eficientes do mundo. A argila esfria a água, devido a um efeito de resfriamento evaporativo. Esses tipos de filtros removem 95% de cloro, pesticidas, ferro, alumínio e chumbo e 99% de criptosporidium, giárdia e sedimentos.

“Essa eficiência é resultante do processo de filtragem por gravidade, em que a água passa pelas velas e goteja lentamente para o reservatório inferior. Exatamente o que não acontece nos fluxos de torneiras ou em tubulação, já que a pressão é quem impulsiona o fluxo da água. Por isso, microrganismos e sedimentos acabam passando pelo sistema e se depositando nos copos. Além disso, as pesquisas também mostraram que os sistemas mais modernos de filtragem não são capazes de impedir a presença de elementos perigosos como o flúor e arsênico, por exemplo.”

E a água mineral? Ela realmente é melhor para se beber?

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Tanto a água mineral quanto a água filtrada são potáveis e benéficas à saúde. O Decreto-lei nº 7.841, de 8 de agosto de 1945, da Presidência da República, conhecido como Código de Águas Minerais, é que dispõe sobre as normas para a extração e o comércio deste tipo de bebida. Águas minerais são aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas distintas das águas comuns, com características que lhes confiram uma ação medicamentosa,  possuindo minérios em sua composição como, por exemplo, cálcio, ferro, magnésio, silício, zinco, entre outros, provenientes de formação subterrânea.

Porém a quantidade de nutrientes presente nas águas minerais comercializadas é irrisória e a maior fonte de minerais que consumimos está presente em nossa alimentação diária. Portanto, porque pagar mais caro pela água e gerar mais resíduos, por meio do uso de garrafas plásticas, se podemos ter a mesma qualidade em um filtro de barro?

E nem venham me perguntar da nova moda da água alcalina! As tais especulações de que ela tem funções antioxidantes, rejuvenescedoras e de regulação da acidez sanguínea podem ser apenas propaganda enganosa. Segundo a nutricionista Luisa Freitas, esses argumentos são falhos, já que nosso sangue já funciona como uma solução tampão, sendo capaz de regular o pH sem nenhuma ajuda de águas milagrosas.

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Sim, meus caros leitores desse singelo site, como já diria o cantor Sérgio Reis, “panela velha é que faz comida boa”. Ou seja, na minha opinião, o velho e bom filtro de barro continua sendo o melhor tipo para filtrar a nossa água! Ele não só é reconhecido internacionalmente, como também em vários estudos nacionais. Sendo assim, encha sua garrafa no seu filtro de barro e leve-a para onde quiser! Você estará economizando seu dinheiro e, de quebra, ajudando o meio ambiente.

Baseado no livro The Drinking Water Book do Colin Ingram; dissertação “Desenvolvimentos de Filtro de Carvão Ativado para Remoção do Cloro da Água Potável” da autora Cristine Grings Schmidt – UFRS; artigo “Estudo da qualidade das águas processadas em filtros de barro tradicionais contrapondo os filtros modernos” – UFCG; colaboração da nutricionista Luisa de Melo Freitas sobre águas alcalinas. 

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