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Matar os macacos da Febre Amarela pode aumentar seus riscos!

A Febre Amarela é uma doença viral aguda e potencialmente perigosa, transmitida por mosquitos, geralmente associada a regiões rurais ou silvestres. Essa virose possui sintomas que incluem calafrios, perda de apetite, febre, náuseas, dores de cabeça e dores musculares. Alguns pacientes também apresentam lesões no fígado, que causam icterícia, ou seja, o amarelamento da pele,…

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A Febre Amarela é uma doença viral aguda e potencialmente perigosa, transmitida por mosquitos, geralmente associada a regiões rurais ou silvestres. Essa virose possui sintomas que incluem calafrios, perda de apetite, febre, náuseas, dores de cabeça e dores musculares. Alguns pacientes também apresentam lesões no fígado, que causam icterícia, ou seja, o amarelamento da pele, sintoma que dá o nome a essa doença.

Nativa da África, essa doença chegou ao Brasil durante o século XVI, juntamente com o mosquito Aedes aegypti, por meio do tráfico de escravosRapidamente, esse inseto se instalou no país e, atualmente, é o principal vetor da doença em regiões rurais e urbanas, devido à sua alta adaptabilidade e à sua postura de ovos em água parada, o que facilita sua reprodução nas cidades e no campo. Durante o século XX, essa espécie foi praticamente erradicada do Brasil, mas suas populações veem crescendo por todo país desde 1980.

Após chegar na América, essa doença provavelmente também se espalhou de forma rápida no ambiente natural. Mosquitos nativos dos gêneros Sabethes e Haemagogus, menos adaptados ao ambiente urbano, foram responsáveis por picarem um ser humano contaminado e espalharem a doença no meio silvestre, sendo hoje ainda responsáveis pela transmissão da doença em matas e florestas.

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Foto retirada do site da Professora Lucia Cangussu

Por terem um código genético semelhante ao do ser humano, primatas nativos da América contraíram o vírus e, hoje, a doença circula também no ambiente natural, sobretudo contaminando micos-estrela ( Callithrix penicillata), macacos-prego ( Sapajus sp.) e bugios (Alouatta spp.). Esses macacos são, assim como o ser humano, hospedeiros da doença, sofrendo com sintomas similares, que muitas vezes levam o animal a óbito. Devido à fragmentação de habitat e a processos de redução da diversidade genética em suas populações, como o efeito gargalo, esses animais são mais afetados pela doença. Dessa forma, encontrar um macaco morto torna-se um alerta da presença da febre amarela na região, o que pode auxiliar o governo na criação de medidas de combate a essa virose. Em entrevista, Renato Alves, Gerente de Vigilância das Doenças de Transmissão Vetorial do Ministério da Saúde, afirmou : “Eles servem como anjos da guarda, como sentinelas da ocorrência da Febre Amarela”, mostrando a importância desses animais no controle, e não na transmissão dessa doença.

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Mico-estrela (Callithrix penicillata) 

Ao contrário da crença popular, a febre amarela não pode ser transmitida pelo macaco. Por ser uma doença vetorial, ela precisa da ação de um vetor, ou seja, de um organismo intermediário que circule a doença entre hospedeiros. No ambiente natural, o ciclo da doença possui o macaco como hospedeiro definitivo, podendo ser transmitida acidentalmente ao homem através dos mosquitos  Sabethes e Haemagogus. Por sua vez, o Aedes aegypti é o responsável pela transmissão da doença em cidades, de pessoa para pessoa.

Desde 1942 a febre amarela é considerada erradicada em áreas urbanas do Brasil, mas casos em áreas rurais foram confirmados desde então. Entretanto, diversos surtos da doença ocorreram em cidades de Minas Gerais em 2017 e novos casos vêm sendo registrados em São Paulo em 2018. Porém, com a ajuda da população local e, indiretamente, dos macacos da região, grandes epidemias vêm sendo evitadas.

Ao encontrar um macaco morto e reportar para os órgãos responsáveis, a causa da morte do animal pode ser avaliada e, se for detectado que o animal morreu de febre amarela, o governo pode intensificar as campanhas de vacinação no local. Atualmente, a vacinação é a única maneira eficaz conhecida para a imunização contra a doença. Uma vez que a vacinação de macacos é inviável, devido ao custo de captura e manejo desses animais, as pessoas devem buscar a vacina para se proteger e evitar que mais indivíduos se contaminem. A vacina é gratuita e deve ser tomada pelas pessoas que vivem em cidades com risco da doença, com exceção de gestantes,  idosos, pessoas em quimioterapia e em determinados tratamentos de saúde.

Além de ter uma grande importância nos ecossistemas em que vivem, os macacos também são importantes para a nossa proteção. Ao preservar esses animais, estamos preservando nosso maior aliado no combate dessa doença e, assim, colaborando para a salvação de milhares de vidas.

Ao encontrar um macaco morto ou doente, ligue para o Serviço de Saúde do município ou do estado onde você vive ou para o número de telefone 136.

Para denunciar maus tratos a macacos, ligue para o IBAMA pelo número 0800 61 8080.

Você encontra a lista completa das cidades e estados com risco de infecção pela doença e que têm recomendação de vacina no site do Ministério da Saúde.

Dados retirados do site da OMS (Organização Mundial da Saúde), de texto escrito por Aline Czezacki, para o Blog do Ministério da Saúde e do site BBC Brasil

Fotos dos macacos por: Pedro Henrique Tunes 


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